A TERAPIA DA REGRESSÃO
Uma teoria psicológica
Herminia Prado
Godoy
Boletim ABTVP - nº 03 - Maio/92
A TERAPIA DA REGRESSÃO é uma teoria Psicológica que foi sistematizada por
Morris Netherton na década de 70, e que possui arcabouço teórico próprio, bem
como um conjunto de técnicas. O princípio teórico básico da TERAPIA DA REGRESSÃO
está fundamentado na Reencarnação e sua técnica principal é a Regressão. A
TERAPIA DA REGRESSÃO incorpora conceitos pertinentes às várias ramificações da
Ciência Psicológica e tem a característica de possibilitar uma ampliação dos
conceitos de várias modalidades de terapia, tornando-se facilitadora de novas
intervenções dentro do contexto de atuação do terapeuta.
Da Análise Transacional por exemplo, utiliza o conceito Berniano de script,
que afirma que o indivíduo em uma idade precoce toma decisões e com elas
constrói um plano de vida - que é o script. A TERAPIA DA REGRESSÃO interfere
nesse campo ampliando este conceito, penetrando num passado mais distante desse
indivíduo, para lá identificar essas decisões, porque a TERAPIA DA REGRESSÃO
considera que muitas vezes as decisões estão localizadas em uma outra vida,
anterior a esta vida presente, e que fazem parte de um programa organizado pelo
indivíduo.
O cliente que se submete à TERAPIA DA REGRESSÃO é um indivíduo especial.
Comumente é uma pessoa que já buscou tratamento psicológico e clínico-médico
anteriormente, sem ter conseguido resolver seus problemas. O terapeuta de
TERAPIA DA REGRESSÃO não inicia um processo regressivo sem antes reivindicar uma
resposta clinica-médica quando o caso prescrever esta conduta.
O método da TERAPIA DA REGRESSÃO é dividido em três etapas:
1) TRANSFORMAÇÃO PESSOAL
2) AGENTE DA TRANSFORMAÇÃO FAMILIAR
3) A FAMÍLIA TRANSFORMADORA
Nessas três etapas o terapeuta exerce o papel de provocador, mediador,
catalisador e orientador do processo terapêutico. O mecanismo das sessões em
TERAPIA DA REGRESSÃO é o mesmo nessas três etapas e Morris Netherton o descreve
como: Ação Provocadora, Ação Conscientizadora e Ação Transformadora, que
consiste nos seguintes passos:
a) Ação Provocadora
• Localizar no passado do indivíduo a origem do
problema apresentado na queixa, ou seja, localizar a situação traumática;
•
Localizar as decisões de vida tomadas no momento passado;
• Esgotar as cargas
emocionais, cognitivas, imaginativas e somáticas da situação traumática
localizada.
b) ação Conscientizadora
• Promover a separação do momento passado do
momento presente, através da: conscientização da realidade passada; compreensão
de porque os incidentes tiveram aquele curso no passado e que pertencem a um
momento passado e não presente do indivíduo, compreensão do papel do indivíduo
frente aos incidentes passados e conscientização de que o mesmo teve a opção da
escolha por outros comportamentos, atitudes e sentimentos e que não fez uso dos
mesmos.
c) Ação Transformadora
• Através da conscientização do momento passado,
localizar no presente momentos onde a decisão de vida adotada no passado foi
utilizada para o presente momento de vida;
• Buscar novas opções de ação
frente às situações localizadas no presente;
• Estabelecer metas de ação no
presente com base nas redecisões realizadas.
Na primeira etapa o cliente entra em contato e transforma todos os aspectos
negativos de sua personalidade que dizem respeito a si próprio e que estão sob
seu domínio abandoná-los. Provavelmente, o cliente deixou de cultivar virtudes
como temperança, obediência, sinceridade, respeito às leis, fortaleza,
humildade, prudência e, por isso, teve uma vida infeliz, intranqüila, sem
harmonia, amor e paz.
Na segunda etapa, o cliente, já usufruindo de um maior controle e equilíbrio
da sua própria vida, já podendo promover situações de paz e harmonia, é
conduzido a identificar o seu papel junto aos seus familiares. Ele toma
consciência de que sua família pode ajudá-lo a trabalhar em si próprio no
exercício de outras virtudes ainda não conquistadas, como: paciência, amor,
tolerância, justiça, solidariedade. E não se omite do papel de agente
transformador na sua relação com cada um dos familiares.
Assim sendo, o indivíduo sai do seu mundo interior e começa a perceber o
outro, passando a se relacionar com ele de forma cooperativa e
compartilhadora.
Na terceira etapa, o cliente, tendo conquistado o crescimento através da
relação de troca com seus familiares, estará pronto para dedicar-se ao meio
social mais amplo. Passará a ser o agente transformador dentro do seu trabalho,
no circulo de amizades, etc., contando agora com seu meio familiar como um
"suporte" que lhe garantirá a segurança, pela paz, amor e harmonia.
Recapitulando: em primeiro lugar, o cliente precisa reajustar-se consigo
mesmo. Em segundo lugar, com seus familiares (principalmente o cônjuge e filhos)
e, por último, necessita ajustar-se ao meio social mais amplo. O termo "ajustar"
significa alinhar-se, estar em paz consigo mesmo, que quer dizer, poder "voltar
a escutar a sua própria alma", pois esta, pertencendo a outra dimensão, é capaz
de lhe transmitir os ensinamentos necessários para auxiliá-lo em sua reforma
interior. O indivíduo, assim, transforma-se em seu "verdadeiro guia interior",
com capacidade de conduzir-se através de seus próprios passos no cotidiano. O
cliente aprende a confiar em si próprio, sentindo cada vez mais segurança, para
ir se desligando de todas as relações simbióticas que mantém no mundo. A divisão
em etapas tem o intuito de facilitar a compreensão desta nova abordagem
terapêutica. Gradativamente, o cliente vai ampliando a sua consciência e essa
sua transformação interior e do meio torna-se um processo dinâmico e
imediato.
A TERAPIA DA REGRESSÃO trouxe à Ciência Psicológica a chance de reestruturar
os seus conceitos sobre o homem. Ela é a porta de entrada para o caminho bonito
e aberto, para os terapeutas que quiserem compreender melhor e realmente tratar
do homem em sua totalidade. Ou seja, levar em consideração que o homem é um SER
CÓSMICO e um SER MATÉRIA, e que esta realidade não pode ser negada,
principalmente para o profissional que lida com tantos aspectos da personalidade
humana.
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